Relato de Parto: Melissa e Sophia

INTRODUÇÃO

Eu e o meu marido, Eduardo, desde a época do namoro, falávamos em ter filhos, mas, apesar de falarmos no assunto, isto era um plano distante. Antes de termos filhos, queríamos nos casar, fazer pós-graduação, viajar, para, depois termos filhos.
            Namoramos quase 7 anos antes de nos casar, viajamos muito e respondíamos com humor as inevitáveis perguntas que todo casal escuta: 

            - Quando vocês terão filhos?
            A resposta era:

            - Jogo é jogo; treino é treino.
            Desistimos de responder algo como daqui a dois anos; pois se passaram quase 6 anos de casamento antes da nossa Sophia nascer.

            A grande maioria dos nossos amigos já eram pais, inclusive aqueles que davam a crer que iriam demorar mais do que nós... minha mãe então, sempre solicitava um neto.
            Nós sempre tivemos vontade, mas estávamos esperando o momento certo para isto acontecer... tínhamos planejado engravidar em 2009 e, até então, eu sempre tomava anticoncepcional.
            Fizemos nossa última viagem de férias "sozinhos" para Nova Iorque em maio de 2009. Como existem muitos out-lets por lá, visitamos alguns e nos deparamos com lojas de bebês... umas roupinhas lindas,  e compramos muitas coisas unissex.
No avião, voltando para São Paulo, decidimos parar de tomar remédio e, coincidentemente, era dia das mães. Chegando aqui, não falamos para ninguém das nossas comprinhas especiais, guardamos tudo.
Como eu tomei remédio por muito tempo, sabia que poderia demorar um pouco para engravidar. Minha última menstruação ocorreu em 13 de maio de 2009.

Dia 29 de maio é o meu aniversário e, também, nosso aniversário de casamento. Meu marido me fez uma surpresa muito legal... saí do trabalho, ele foi me buscar e havia reservado uma diária no Hotel Renaissance, onde assistimos uma peça teatral, jantamos e passamos a noite no hotel. Foi uma surpresa muito legal e romântica.

A DESCOBERTA

Em junho a minha menstruação atrasou 9 dias e eu não me preocupei, pois, como havia tomado remédio por muito tempo, achei que fosse alguma disfunção hormonal, uma vez que eu sentia umas coliquinhas e meus seios estavam sensíveis, o que, para mim, era sinal de que a menstruação estava próxima...
Já tinha agendado uma consulta com a minha endocrinologista desde maio, ou seja, antes destes sintomas aparecerem. Ela é minha médica há muito tempo e sempre me perguntava quando eu queria engravidar, pois tínhamos que tomar alguns cuidados prévios já que eu tenho problema com a tireóide... como queria engravidar em 2009, em 2008 comecei a tomar um remédio para baixar o TSH e o T4 livre... estava tudo ok nos exames.
Na consulta, ela me perguntou quando foi a data da minha última menstruação e eu disse 13 de maio de 2009 e ela constatou que estava 9 dias atrasada... ela me olhou com um sorrisinho e disse que iria ver a pressão. Ela mediu e estava um pouco baixa, me olhou e disse:

- Hum, pressão de grávida!
Ela então me deu um pedido de exame e disse para eu fazer imediatamente... nossa eu saí de lá muito ansiosa e alegre, com a possibilidade de gravidez! Fui até o laboratório, fiz o exame e, como eu estava na hora do almoço, tinha a possibilidade de ficar pronto no mesmo dia. Eu só sei que, de hora em hora, eu entrava no site do laboratório para saber se já havia saído o resultado, mas só no dia seguinte ele saiu.
Logo que cheguei ao trabalho no dia 19/06/09, eu entrei no site do laboratório e o resultado do exame tinha (finalmente) saído... entrei tremendo e vi uns números que, na ansiedade, eu não entendi direito. Ao contrário do que eu imaginava, não sai positivo ou negativo... na minha interpretação eu tinha entendido que estava grávida, mas eu queria ter certeza... mandei um e-mail para a minha endócrino que me retornou na sequência com a seguinte resposta:

- Parabéns! Você está gravidíssima!
Li a mensagem e fiquei paralisada, como se o mundo tivesse parado naquele instante... estava com, aproximadamente, 5 semanas de gestação, fiquei muito feliz e queria contar a novidade para o meu marido de uma forma especial. Ele nem sabia que eu tinha feito o exame.
Uma vez vi no filme "Noivas em Guerra" o rapaz pedindo a noiva em casamento com um recadinho num biscoito da sorte chinês e pensei:

- Nossa que legal! Quando eu ficar grávida quero fazer um biscoitinho com o recado: Amor, parabéns, você será papai!
Corri atrás de vários lugares que fazem estes biscoitinhos da sorte e ninguém faria menos do que 200 unidades, além de demorar uma semana para ficarem prontos. Desisti da idéia, pois não conseguiria guardar este segredo especial por uma semana e não seria justo com ele que, a cada dia, também estava mais ansioso com o atraso da minha menstruação.

Tive que pensar em outra surpresa... enfim, comprei chupeta e aguardei o horário da janta. Escrevi "Parabéns, papai" no prato e entreguei a chupeta e o exame para ele que pegou meio sem saber o que estava acontecendo. Ele viu o exame, ficou todo atrapalhado e, quando eu disse que estava grávida, foi uma emoção muito legal, ficamos muito, mas muito, felizes.
Pensamos em como comunicar as nossas famílias de um modo especial...
Como estava frio, resolvemos fazer foundie no pão italiano e convidar a minha família. Num dos pães, enchemos de chupeta e dei para a minha mãe abrir o pão e colocar na mesa. Ela abriu, olhou para mim e disse:

- Nossa, o que é isto?
Meu irmão disse, mais do que depressa:
-  Melissa, você está grávida?
Todos ficaram muito emocionados, tiramos fotos com as pessoas com chupeta na boca... foi bem legal.

Para contar a novidade para a família do meu marido, fomos até Jau, já que minha cunhada mora lá e todos iam também, pois haveria uma festa junina.  

Combinamos de almoçar na Praça de Alimentação de um shopping de calçados. Meu marido comprou uma bota para mim (de dia das mães) e um sapatinho de bebê. Após o almoço o Eduardo disse:
- Compramos um sapato para o bebê e para a mãe.
Todos ficaram felizes e animados.

A GRAVIDEZ E A OPCAO PELO PARTO NORMAL

            O primeiro ultrassom foi emocionante... um grãozinho de gente! Ouvimos o forte coraçãozinho pela primeira vez. Fizemos mil perguntas para a médica que estava realizando o ultrassom e quase fomos "expulsos" da sala.
            Não tive enjôo durante toda a gravidez. Só tive muita cólica no começo que, segundo a minha médica, era um descolamento do feto na placenta.

            Ficamos preocupados e realizamos novamente o ultrassom, em outro laboratório, e deu tudo certo.
            A Ginefeto (local onde fizemos os ultrassons até o final da gravidez), e o médico Vagner, nos deu 75% de chance de ser menina.

            Eu, para ser sincera, nunca tive intuição se era menino ou menina... mas minha mãe havia sonhado que era menina, embora não tivesse me falado nada antes da estimativa dada pelo Dr Vagner.
            Iríamos fazer uma viagem para os Estados Unidos para montar o enxoval e queria saber se era menino ou menina.

            No inverno, veio o surto da gripe suína e, por determinação da empresa, tive que tirar 20 dias de férias e 10 dias foram abonados pela empresa. Eu que já tinha tudo planejado, férias, viagem, tive que rever tudo... embora a saúde esteja sempre em primeiro lugar.
            Como já queria fazer aula de yoga para gestantes, resolvi investir nisto durante estes dias.

            Na minha pesquisa sobre yoga, tive contato com a Kátia Barga e ela acabou me convidando para uma reunião de gestantes. Achei interessante e chamei o meu marido e a minha mãe para me acompanharem na reunião.
            Paralelo a isto, uma amiga minha me falou da lista da Materna e me emprestou dois livros: Parto Ativo e Nascer Sorrindo. Uma outra amiga me emprestou: O que esperar quando se está esperando... e assim fui me informando cada vez mais sobre parto normal.

            Em 2008, eu fiz um curso chamado Renascendo com Amor, no qual eu revivi o meu nascimento que foi de fórceps.
            Antigamente, eu era a favor da cesárea, mas porque sempre que eu perguntava para algum familiar ou amiga, ou até mesmo para os médicos, todos eram a favor da cesárea, mas depois, me informando melhor, mudei de opinião.

            Enfim, fui me interessando cada vez mais por parto normal.
            Fui na reunião que a Kátia havia me convidado, ouvi os depoimentos, esclareci algumas dúvidas e conheci a MK.

            Marquei uma consulta com ela e ficamos encantados com a sua paciência e delicadeza. Tiramos mais dúvidas nesta consulta que levou mais de duas horas.
            A Marcia comentou com a gente da Dra AC e marcamos uma consulta com ela. Gostamos muito de toda a equipe e saímos de lá com a certeza de, finalmente, termos encontrado pessoas sérias, competentes e, acima de tudo, confiáveis.

            Quando acabou o meu afastamento por causa da gripe suína, comecei as aulas de yoga com a doce Kátia (eu tinha começado as aulas de yoga um pouco antes, com outra professora, devido a proximidade com a minha casa).
            Em paralelo, continuava com as minhas consultas na minha ginecologista antiga e com a Marcia e a Dra AC.

            Neste período, a Casa Moara foi inaugurada e passamos a freqüentar as reuniões lá.
O ENXOVAL   

            Fizemos a viagem para Orlando para montar o enxoval da nossa pequena (o médico havia aumentado para 90% a chance de ser menina). Fui eu, o Eduardo e os meus pais. Fomos aos parques da Disney, tiramos com o Mickey e a Minnie, o Pluto... voltamos a ser crianças.
Depois dos parques, íamos às compras. Entre outras lojas, fomos à Carter's, onde foi muito engraçado pois cada um foi para um lado, ficamos enlouquecidos com tanta variedade de roupas lindas. Após um tempo dentro da loja, eu olhei para o lado: meu marido com um monte de roupas, eu com um monte de roupas e meus pais idem. Fomos até o balcão, separamos as peças repetidas e excluímos umas poucas roupas. Conclusão: a nota fiscal foi até o chão!

Escolhemos, enfim, a decoração do quarto, tema: girafa.
Compramos o carrinho, a cadeira do carro, uma cadeirinha, berço de viagem... eu sei que o quarto do hotel estava intransitável.

DECISÕES
            Voltamos para São Paulo e fizemos um novo ultrassom, onde ficou confirmado que era menina mesmo.

            Com a decoração do quarto comprada, começamos a prepará-lo com muito cuidado e carinho.
            A princípio, a decoração seria sobre fundo do mar, até chegamos a pintar o quarto, mas depois mudamos de idéia, que, no fim, foi de girafa.

            Fomos também em todas as feiras de bebês e gestantes, desde que descobrimos a gravidez.
            Como o nome Sophia já estava certo se fosse menina, teríamos que resolver se a grafia seria com f ou com ph.
            Numa destas feiras de gestantes, vimos um enfeite de porta de maternidade lindo e decidimos comprar. Ele seria executado na hora e levaríamos para casa... eu queria que fosse com ph, porém o Eduardo queria que fosse com f. Fomos até a lanchonete e conversamos sobre isto. A Kátia já havia me dito que, pela numerologia, era igual. Decidimos que fosse com ph.

            Como a equipe tinha indicado a Maternidade São Luiz, marcamos uma visita.

            Nesta visita conhecemos as instalações da maternidade e o delivery, que são as salas onde normalmente ocorrem os partos normais. Fiquei encantada com a delivery: tinha banheira, teto que mudava de cor, aparelho de som... enfim, um local aconchegante. Comecei a me imaginar ali... nossa!
            Como só existem duas salas delivery, perguntei para a moça que nos acompanhou se estas salas eram muito concorridas, e ela respondeu que não, uma vez que a grande maioria dos partos eram cesárea.

            Como gostamos da estrutura da maternidade, resolvemos que seria aí mesmo.
Quando estava com 27 semanas, a Kátia me ligou dizendo que sua amiga, a Isadora Canto, precisava de gestantes para o Programa Mulheres, da Gazeta, e perguntou se eu estava interessada em participar. Eu disse que sim e fui.

Pude conhecer a Isadora e ela me deu um CD dela. Inclusive as suas músicas, muitas vezes, embalaram as minhas aulas de yoga e, não raro, eu me emocionava muito... parece que elas queriam me dizer algo mais, além da letra.
Decidimos fazer o book da gestante. Eu tinha visto um book de uma amiga nossa e fiquei encantada. Consegui convencer o Eduardo a fazer.

Fizemos o book no dia 09 de janeiro de 2010, pois queríamos mostrar as nossas fotos no chá de bebê, que ocorreu no dia 23 de janeiro.
As fotos ficaram muito legais, inclusive as do ofurô. Aliás, inaugurei o ofurô: fui a primeira gestante a querer usá-lo... valeu muito, apesar da água gelada (ainda bem que estava sol).

CHÁ DE BEBÊ
           O chá de bebê foi muito legal e divertido. A maior parte dos nossos familiares e amigos estavam presentes.

            Após muita conversa e animação, apresentamos o quarto decorado da Sophia e, na sequência, começaram as brincadeiras... a primeira foi um quizz sobre as fotos e sobre as girafas.
            Depois, distribuímos barbantes para que os convidados tentassem acertar o tamanho da minha barriga. Teve bingo, brincadeiras com bexigas... enfim, foi muito bom.
No final, demos aos convidados um chocolate embrulhado numa embalagem que fazia referência ao chocolate Surpresa... ficou muito bonito.


O ÚLTIMO MÊS DE GESTAÇÃO
O último mês de gestação foi repleto de expectativa e, ao mesmo tempo, eu já começava a me despedir da minha barriga. Como foi difícil.... eu gostava muito de estar grávida, era muito especial e, apesar de todo o calor do verão, isto não me incomodava.

Um dos livros que eu li, era sobre parto na água. Eu e o Eduardo achamos interessante e, se fosse para ser assim, tudo bem.
Porém, se fosse para ser na água, precisaríamos de um pediatra, já que os pediatras do São Luiz não fazem este tipo de parto. Pedimos algumas indicações de pediatras para a Dra ACe, entre elas, estava o Dr C.

Marcamos uma consulta com ele, conversamos muito, tiramos as nossas dúvidas e decidimos que ele seria o pediatra. A equipe estava fechada: Dra AC– obstetra; Dr C – pediatra; MK– parteira; Kátia Barga – doula.
Como o parto já estava se aproximando, tive que ter uma conversa com a minha antiga ginecologista para informá-la que ela não acompanharia o parto. Expliquei que eu queria parto normal, com possibilidade de ser na água... mal acabei de falar e ela me disse que parto na água ela não fazia, mas que, qualquer coisa, era só avisar.

Fiquei aliviada, pois, confesso, tinha um pouco de receio de como ela iria reagir, ela era minha médica há muito tempo... mas deu tudo certo.
No último mês de gestação, tomamos um susto, pois numa das minhas consultas de pré-natal com a Dra AC, ela pediu que eu fizesse um ultrassom de emergência pois ela estava desconfiada que a bebê havia virado, ou seja, talvez não estivesse encaixada...

Como era uma quinta-feira, era dia de rodízio do carro e tínhamos que esperar até às 20h para irmos ao São Luiz. Fomos jantar. Na sequência, fomos para o São Luiz, chegamos às 20:15h, aproximadamente, e, como eu estava de 8 meses tinha que passar pela maternidade e não pelo pronto-socorro.
Apesar de eu já ter feito a visita na maternidade, não havia sentido totalmente o clima... grávidas chegando, médicos chegando, famílias na expectativa... pensei: nossa, logo, logo, será a minha vez.
Curti bastante este instante, porém começou a demorar muito para me chamar e nós teríamos que acordar cedo no dia seguinte para trabalhar.

Por fim, conseguimos ser atendidos somente às 23:20h. A demora foi justificada porque eu não estava sentindo dor, tinham várias cesáreas agendadas e elas tinham prioridade.
A nossa ansiedade aumentava cada vez mais, queria saber logo se a bebê estava encaixada ou não... o médico finalmente nos chamou, fiz o ultrassom e a bebê estava ali, encaixadíssima!

Quando saímos do São Luiz, já era mais de meia noite, mas saímos muito, muito felizes.

DIA 10/02/10
Como a data prevista para o parto da Sophia era 20/02/10, eu até estava com um pressentimento que iria passar um pouco desta data e, sendo muito otimista, poderia até ser no dia 27/02 que é o dia do aniversário do meu marido.

No dia 10/02, foi minha última aula de yoga e a Kátia quis fazer o bota-fora da minha barriga. Eu disse:
- Kátia, é cedo ainda, aposto que teremos muitas aulas.

A Kátia respondeu que, pela experiência dela, era melhor não arriscar e fazer logo o bota-fora.
Fizemos o bota-fora... ela pintou a minha barriga e tiramos fotos.


DIA 11/02/10
            Neste dia, foi a minha última consulta com a Dra Andrea antes do parto.

            Estava tudo bem com a bebê e comigo.
            Tiramos mais algumas dúvidas e perguntei se ela estaria aqui em São Paulo no carnaval... mais por precaução, já pensou se a bebê resolve nascer no carnaval?

Só que, de lá, passei na depilação... vai saber se a bebê resolve antecipar né?

DIA 12/02/10
Fui trabalhar normalmente... neste dia o pessoal do marketing estava no meu departamento e todos ficaram contentes em me ver tão bem e feliz.

Como eles estavam fazendo uma gravação para homenagear as mulheres no dia 08 de março, eles me perguntaram se eu aceitava ajudá-los.
Disse que não teria problema e participei das filmagens. Foi bem legal e me senti muito importante participando de uma homenagem com a minha pequena dentro de mim.

No fim do expediente, não sei o que me deu, e eu comecei a me despedir de todo o mundo dizendo:
- Olha, como vem o feriado do carnaval, serão 4 dias e meio longe do trabalho, pode ser que a bebê nasça... então, se eu não vier quarta à tarde, vocês já sabem...

E todos se despediram de mim, desejando boa sorte e pedindo que eu avisasse, caso acontecesse algo. Saí do trabalho e fui na podóloga... vai saber se a bebê resolve antecipar né?

DIA 13/02/10
            Foi um dia agitado... fui fazer a unha de manhã.... vai saber se a bebê resolve antecipar né?

            Fomos pegar o kit de higiene da Sophia que havíamos encomendado na feira de gestantes, compramos o balde e visitamos alguns familiares.

DIA 14/02/10
            Vimos se faltava comprar algo, enfim acertar os últimos preparativos para a chegada da Sophia.
            Recebemos visitas em casa neste dia e as pessoas já olhavam para mim meio diferente:
            - Melissa, sua barriga está baixa. Logo, logo, nasce.
            Como minha vó tinha uns exames para fazer no dia 15/02, eu e o meu marido nos comprometemos a levá-la.

            Fomos dormir.

DIA 15/02

            Eu acordei por volta das 10h e senti que tinha algo entre as minhas pernas. Como eu não conseguia enxergar o que era, perguntei para o Eduardo se era o tampão que havia caído.
            O Eduardo olhou, falou as características e concordamos: o tampão havia caído.
            Fiquei confusa e feliz... e agora? Posso sair? Posso levar a minha vó para fazer os exames? O que faço?

            Falei para o meu marido:
            - Liga para a Kátia... avisa ela!

            Ele ligou e a Kátia disse:
            - Pode sair, aproveita, passeia... você vai sentir umas dorzinhas, mas não ligue para elas. Vai me mantendo informada.

            Bom, posso sair... me arrumei e fomos buscar a minha vó. Eu disse para minha mãe:
            - Na volta eu subo só para dar um beijo em vocês.

            Enfim, fomos para o laboratório que fica na Avenida Angélica. Chegando lá eu comecei a sentir umas coliquinhas...
            Dei entrada no laboratório, subimos até o andar que seria feito o exame da minha vó. As coliquinhas começaram a ficar mais fortes... seriam as contrações? Mandamos uma mensagem para a Kátia dizendo que as tais coliquinhas estavam espaçadas em 15 minutos.

            A Kátia disse ok, o espaçamento estava bem longo e que isto poderia evoluir, ou até mesmo, regredir, podendo durar dias.
            Minha vó tinha feito o exame de sangue e faltava o de urina.

            - Vó, a senhora não quer beber mais água para ver se você faz xixi?
            - Já bebi muita água... olha, assim sobre pressão eu não consigo.

            Eu não sabia se ria ou se chorava, pois as dores estavam ficando mais fortes e eu só deixava transparecer para o Eduardo, não queria que minha vó soubesse.
            Finalmente ela fez xixi e fomos na padaria tomar café, pois, até então, estávamos todos em jejum.
            Por volta das 12h, na padaria, as contrações já estavam de 8 em 8 minutos e eu não estava com fome, mas comi uma salada de frutas. Mandamos outra mensagem para a Kátia e ela disse para eu descansar a tarde.

            Saímos da padaria e íamos na minha mãe, deixar a minha vó. No meio do caminho, com as dores fortes, pedi para o Eduardo me deixar em casa e levar a minha vó. Pedi, também, que ele falasse para os meus pais que eu iria descansar... coisa que, realmente, eu tentei fazer.
            Antes de descer do carro, perguntei para o Eduardo se ele não queria ir na Penha pegar o carregador da bateria da filmadora com o meu cunhado, uma vez que ele havia emprestado a filmadora. O Eduardo me olhou e disse:

            - Não, de jeito nenhum. Vou deixar a sua vó e volto.
            Ainda bem que ele voltou. Não conseguia ficar deitada, estava com muito calor. Só conseguia ficar sentada. O Eduardo ligou para a Kátia e ela pediu para tomar um banho looongo no chuveiro, descansar e comer algo, já que a noite prometia.

            Vomitei todo o café da manhã e comi, com muito esforço, uma torrada. Fui para o chuveiro, junto com o Eduardo, ficamos lá um bom tempo. Entre as contrações a água era ótima, mas não tinha muito efeito de alívio na contração.
            Saímos do chuveiro e tentei descansar... mal havia deitado e escuto um ploc e muito líquido...

            - Eduardo a bolsa estourou!
            Minha mãe ligou algumas vezes, parecia que estava com pressentimento... o Eduardo só falava que eu estava no banheiro. Eu não conseguia abrir a boca, me comunicava por gestos e ele passou a ser o meu locutor.

            Fui para o vaso sanitário ficar sentada, fiz isto várias vezes, era uma posição que eu me sentia bem. Após a bolsa ter estourado, eu comecei a fazer força e achei estranho, pois numa das minhas leituras e participações nas reuniões, eu tinha entendido que a parte do fazer força já correspondia ao período expulsivo.
            Ligamos para a Kátia e ela perguntou se nós queríamos que ela fosse para nossa casa. Eu disse sim.

            Entre as contrações, o Eduardo fazia viagens até a garagem, levando as coisas, as malas etc.
            Na seqüência, a Márcia ligou e o Eduardo explicou tudo e ela pediu para eu ir para o São Luiz. Ela avisaria a Kátia.

            Só de pensar em sair, eu pensava que não ia agüentar. Mal conseguia me vestir.... o Eduardo que me vestiu. Tive mais uma contração e pensei:
            - Depois desta contração eu levanto e entro no elevador... tem que ser agora!

            Respirei e entrei no elevador, quase fiquei sentada no elevador. Chegando na garagem o Eduardo falou:
            - Ih, esqueci as toalhas para forrar o banco... mas agora deixa.

            Eu disse, ou gesticulei (não lembro):
            - Não, sobe e pega as toalhas que eu vou no banheiro da garagem.

            Tive mais uma contração... o Eduardo bateu na porta do banheiro e falou:
            - Já cheguei, vou manobrar o carro, assim que estiver pronta pode vir que eu estou te esperando.

            Pensei o mesmo que havia pensado quando entrei no elevador:
            - Vou respirar e ir até o carro.

            Dito e feito: se não for agora, não vou conseguir sair daqui mais!
            Entrei no carro e tive várias contrações no looongo caminho até o São Luiz que durou, na verdade, 15 minutos, mas, para mim, parecia uma eternidade. Não havia trânsito, era carnaval. Havia um farol quebrado e o guarda da CET parou o carro bem na nossa vez e o Eduardo disse:

            - Libera, por favor, ela está em trabalho de parto!!
            O guarda olhou para mim e imediatamente abriu passagem para nós... minha mãe ligou, ela estava no prédio onde eu moro e o porteiro disse que não tinha ninguém. Meus pais se desesperaram e ligaram para o Eduardo.

            - Onde vocês estão?
            - Estamos indo para a maternidade...

            - Onde?
            - Indo para a maternidade. Depois eu ligo, não precisa vir agora, pois a Melissa ainda vai ser examinada e pode ser que volte para casa.

            Depois, o Eduardo me contou que pensou:
            - Nossa, se ela já está assim agora no começo, imagina no fim! Vai ter anestesia.

            Nós já havíamos conversado que eu não iria querer anestesia, mesmo eu pedindo.
            Chegamos (finalmente) no São Luiz por volta das 16:45h e logo que eu entrei vi a Kátia e a Márcia... como foi importante este momento, pois me senti segura, sabia que, além de estar em boas mãos, não seria examinada por ninguém estranho que poderia fazer coisas que fugissem do que queríamos.

            Fui direto para a triagem. A Márcia me examinou e disse que eu estava com dilatação total!!
            Pensei:

            - Meu Deus, é agora!!
            Fiquei preocupada com os meus pais e com o Eduardo que ainda estava no atendimento.

            A Márcia avisou o Eduardo que já estava com dilatação total. Ele deixou  as fichas para depois e as malas na lojinha. Avisou os meus pais e subiu.
            Uma delivery estava ocupada e a outra em reforma. Fomos para o centro cirúrgico.

            Chegando ao centro cirúrgico, as enfermeiras do São Luiz me tiraram da maca e me colocaram na cama, deitada. A MKolhou para mim e disse:
           - Você quer ficar deitada?

            - Não, quero  ficar sentada.
            Lá elas montaram uma espécie de tatame, com lençol no chão e o banquinho.

            Na seqüência chegou o meu marido todo paramentado e, a minha frente, vejo a Dra AC que chegou, muito, mas muito, rápido.
            Comecei a fazer muita força. O Eduardo apoiou as minhas costas e segurou a minha mão... não sei como as mãos dele saíram ilesas, já que eu devo ter apertado muito, além de ter dado uma mordida no ombro dele, enquanto eu testava a posição de pé.

            A Dra AC fez umas massagens no meu tornozelo e na minha barriga e, na seqüência,  vinha uma contração.
            Tanto o meu marido, como a Dra AC, a MK e a Kátia, me falavam palavras de incentivo, o que foi muito bom.

            Numa das contrações, vi que o Dr Cestava lá também, esperando a minha pequena nascer.
            A Kátia trouxe um rádio e colocou o CD da Isadora Canto como trilha sonora, além de tirar fotos e trazer um espelho... onde eu pude ver que a cabecinha da bebê já apontava. Estava perto, muito perto!

            A Dra AC perguntou se eu queria colocar a mão na cabecinha dela e, por um instante, eu achei melhor não... talvez na próxima contração. Não quis, naquele momento, pois estava muito concentrada e, não sei por que, achei (ingenuamente) que talvez a cabecinha dela pudesse voltar...
            Tentei, durante as contrações, testar várias posições e, por fim, testei a posição de quatro apoios que, nas aulas de yoga, eu me sentia bem relaxada e concentrada... veio a próxima contração e minha pequena nasceu! E eu que achava que ainda tinham várias contrações...

            Às 18h13min do dia 15 de fevereiro de 2010, ao som da música Reconhecimento da Isadora Canto, na sala 7 do centro cirúrgico do São Luiz, nasceu Sophia Belato Fortes... linda, cabeluda, esperta e chorando, foi assim que ela veio para os meus braços!
          Ela foi recepcionada com muita emoção, como se o tempo parasse naquele instante só para nós. Meu marido se aproximou, olhei nos olhos dele e, como um espelho, vi nosso amor se refletir na Sophia... linda!

            Dissemos que a amamos muiiiiiiiiiiiiito, olhamos em seus atentos olhinhos e ela parou de chorar, bem pertinho de mim, no calor do meu corpo.
            Depois de um tempinho, ela já procurou os seios e mamou... fizemos muito carinho nela e, quando o cordão parou de pulsar, o Cacá deu a tesoura para que o Eduardo cortasse... depois o Cacá e o Eduardo foram fazer os procedimentos unicamente necessários, como pesar e avaliar.
            Ela teve apgar 10-10, o que nos deixou bem felizes por saber que tudo estava bem. Sophia nasceu com 3,165kg e 49cm.

            Enquanto estes procedimentos eram realizados, eu, a Dra Andrea e a Márcia, esperávamos a saída da placenta... nesta hora, só senti uma coliquinha.
            Enquanto eu levava os pontos, o Cacá trouxe a Sophia toda embrulhadinha e o balde. Eu ajudei o Eduardo a dar o primeiro banho nela... super esperta, com o olhinho arregalado olhando ao redor.

            Depois disso, ela foi para o berçário e eu ainda fiquei um tempo no centro cirúrgico, onde pude conversar com a Márcia e a Kátia... todos estavam espantados com a evolução rápida do trabalho de parto que, apesar disto, foi vivido muito intensamente, minuto a minuto...

                  Sai do centro cirúrgico e lá estavam meus pais, minha vó e meus irmãos, o que me deixou muito emocionada e feliz, por eles me apoiarem neste momento divino...

            Cheguei ao quarto às 20h e o Eduardo veio pegar a primeira roupinha dela (que minha vó tinha dado). Logo depois ele voltou dizendo que a roupinha era pequena e tínhamos que escolher outra. Vê se pode!
           A Kátia ficou comigo até às 21h e a Dra AC, a MK e o C, voltariam nos demais dias.
            A bebê chegou linda e ficou com a gente todo o tempo no quarto e só saiu para tomar as vacinas e fazer os exames.

           Desde então, temos a Sophia, nossa companheira sempre, nosso amor... foi muito bom saber que nós pudemos proporcionar à ela um parto totalmente natural, sem anestesia, respeitando o nosso tempo – o meu e o dela. Tudo foi propício para que ela nascesse de uma forma sem intervenções e, apesar de ter sido no centro cirúrgico, a iluminação estava baixa, falávamos baixo, respeitamos o corpinho frágil...

AGRADECIMENTOS

            A Deus, se não nada disto seria possível.
           A toda minha família que tornou este momento muito esperado e especial. Obrigada por respeitarem a minha decisão pelo parto normal e por acompanharem tão de perto todo o desenvolvimento da Sophia.

            Ao meu amor, Eduardo, obrigada pela força, pelo apoio, pelo companheirismo, pela  paciência, pelo amor e pela calma em todos os momentos. Isto foi essencial para que eu pudesse manter o meu eixo, gerar e dar à luz ao nosso amorzinho, que espelha tão bem eu e você... Te Amo infinitamente...      
            Às meninas do Nove Luas, obrigada por compartilhar dúvidas e esclarecimentos, que proporcionaram, inclusive, novas amizades.  

            A Kátia, obrigada pelas aulas, pelas nossas longas e ótimas conversas, pela Sarinha fazendo carinho na minha barriga... muito fofa!! Foram momentos muito especiais dos quais eu sinto uma enorme saudade.
            A MK que, desde o primeiro encontro que eu fui, eu tive certeza que eu queria você no meu parto... pela sua paciência, carinho, conhecimento e, principalmente, pela confiança que, desde o início, eu senti.  Obrigada pelas longas consultas – algumas com mais de duas horas de duração – tão esclarecedoras, ótimas...

            A Dra AC, pelos esclarecimentos, pela responsabilidade e pela enorme rapidez com que chegou ao São Luiz... obrigada pelas massagens que, na verdade, eu interpretei como carinho.
            Ao Dr C pela incrível sensibilidade e cuidado com que tratou da nossa pequena nas primeiras horas de vida... e continua tratando.

            E, filha, muito obrigada por ter nos escolhido, nascido tão linda e serena. Por ter feito com que eu confiasse em mim e transcendesse as minhas próprias forças. O amor, a partir do seu nascimento, ganhou uma nova denotação e mostrou claramente o sentido do amor eterno e incondicional que, só com a maternidade, eu pude enxergar e praticar tão cla
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